terça-feira, 19 de julho de 2011

Pretérito imperfeito

   Uma era de governação que não pode ser definida por ter praticado uma política de esquerda e menos ainda de direita, passou. E dela ficaram, sobretudo dívidas, estatísticas camufladas e muitas obras sem o menor benefício para a população. O Partido Socialista flagelou o futuro do país e deixou um rasto de incertezas, que hoje se manifestam como fantasmas que pairam sobre a economia, nomeadamente: As agências de rating.
   Não restam dúvidas de que os sacrifícios impostos aos portugueses serão severos e incontornáveis, mas o vislumbre de que tudo valerá a pena transfigura-se hoje, como um acto de fé, visto que os dados não apontam para a direcção do crescimento económico. Embora os esforços do novo governo e da população trabalhadora sejam visíveis, o país está a ser bombardeado com números lançados do exterior a desvalorizar toda esta nova dinâmica.
   A baixa classificação em que Portugal foi lançado nos mercados internacionais ultrapassou o limite especulativo, e traduz a ganância desmedida de investidores estrangeiros e um evidente ataque financeiro contra a moeda única europeia. Uma questão impõe-se diante deste cenário: Como Portugal poderá contra-atacar e criar uma imagem de estabilidade financeira? Visto que as medidas internas já caminham para esta direcção, resta-nos apenas uma hipótese: A União Europeia.
   Os sucessivos erros governativos dos últimos anos não diferenciam Portugal dos restantes países da União Europeia, porque no conjunto, a Europa não se estruturou para enfrentar esta crise. É imprescindível que o Parlamento Europeu crie (e já devia ter criado) um sistema de peso que contrabalance os índices das agências de rating para defender os países membros, e accione os mecanismos necessários para responsabilizar em tribunal todas as fraudes que venham a ser constatadas, e que foram utilizadas para favorecer o interesse dos grandes grupos financeiros internacionais.

Renato Córdoba

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