terça-feira, 27 de dezembro de 2011

A Austeridade é uma Ideia Perigosa

Só a justiça justificará os sacrifícios

            Nas últimas eleições legislativas, os portugueses fizeram uma escolha clara que, no meu entender, foi a mais prudente, porque marca o fim de uma fantasia e demonstra que a maioria da população decidiu encarar os desafios inevitáveis que estavam por vir. Desafios que, hoje se revelam mais austeros do que muitos esperavam. Entretanto o governo iniciou o seu trabalho e manteve até agora uma postura de informar e esclarecer a população sobre a real situação em que o país se encontra, e de facto, é uma boa política, excepto pelo facto dessas declarações terem ultrapassado o limite da coerência e transbordado para o campo da desesperança e dos prognósticos apocalípticos que conflituam com as mensagens de coragem e coesão social inicialmente manifestadas. É um contra-senso imensurável da parte do governo pedir esforços e compreensão aos cidadãos e ao mesmo tempo, indicar-lhes a porta de saída do país, porque isto demonstra que os líderes estão a procura do caminho mais fácil (para eles), ou na pior das hipóteses, não acreditam nas suas próprias medidas.
            Obviamente a oposição política saberá explorar estas desastrosas declarações, e isso servirá apenas para preencher a falta de propostas construtivas dos políticos desse país e se transformará em palavras incendiárias nos seus discursos demagógicos. Naturalmente, isso só irá desorientar ainda mais a população e aumentará a instabilidade. Então, o que fazer para manter a confiança dos portugueses?
            Este governo tomou medidas que, para a maioria dos especialistas (incluindo a Troika), eram imprescindíveis para por o país novamente em rota de crescimento económico. E podemos ir mais longe, porque grande parte dos trabalhadores também aceitou a sua carga individual para o benefício colectivo, sobretudo àqueles que nunca tiveram regalias e grandes ordenados. Contudo, continua a faltar justiça na divisão desse enorme esforço. Portanto, caso o governo pretenda evitar uma crise ainda maior carregada de convulsões sociais, terá que tomar medidas que até agora nunca demonstrou intenção de concretizar (e nenhum outro governo), ou seja, mostrar à população que os sacrifícios exigidos serão equitativos, a começar por diminuir os quadros administrativos e cortar os altos salários da função pública e dos gestores de empresas públicas que recebem quantias que são um verdadeiro escândalo para um país com tantos cidadãos em dificuldade; punir severamente a corrupção e exigir responsabilidades de todos os políticos (em função ou não) que prejudicaram o país e utilizaram o dinheiro público para fins que não se comprovem úteis para a população; extinguir empresas públicas para evitar o desvio de fundos e o favorecimento ilícito; cessar o financiamento às instituições que não consigam provar publicamente o seu contributo social; proteger as empresas privadas com notória capacidade de produção e intervir junto das entidades financeiras para evitar o bloqueio de liquidez ou medidas arbitrárias que levem a insolvência; criar um imposto extraordinário para os grandes grupos económicos; renegociar os acordos catastróficos com a União Europeia que fragilizaram a competitividade dos produtos nacionais… Ou seja, encontrar formas de não penalizar somente o cidadão comum e fazer as reformas necessárias para dividir de forma justa o grande desafio que o país enfrenta, através de medidas eficazes para gerar emprego e favorecer a economia. “Mudar”, Sr. Primeiro-ministro! Recorda-se? Para terminar, cito algumas palavras do seu livro: O país precisa, com urgência, de um amplo programa de mudança que nos retire deste estado de descrença e de crise profunda em que vivemos. As reformas a empreender já não são uma opção; são uma necessidade imposta pela realidade. Terá de ser um programa de acção que rompa com o actual cenário de estagnação e de empobrecimento.”- Pedro Passos Coelho.


Renato Córdoba

Análise Política

O FUTURO NÃO SE CONSTRÓI REPETINDO
OS ERROS DO PASSADO
            Segunda-feira dia 28/11/2011 no noticiário das 20 horas da TVI24, tive a desdita de ouvir o economista Medina Carreira que considero o comentador mais honesto em contacto directo com os cidadãos comuns, deste pobre e desgraçado país.
            Certamente ao escrever a palavra desdita utilizei um tema suave pois a revolta no meu sentimento foi elevada ao ponto máximo e face a tudo que ouvi, recordei as palavras de estadista de vulto que um dia afirmou:  “Pobre deste país, se um dia chega a ser governado por estes políticos!”
            Apresentando dados insuspeitos elaborados com realismo que não deixam dúvidas, ele justificou a situação actual da economia portuguesa que atribuiu aos governantes que nos desgovernaram nos últimos 10 anos, ou seja, o partido socialista useiro e vezeiro em praticar danos reversíveis, sempre que chega ao poder… Utilizando linguagem que na gíria popular designarei “ sem papas na língua”ele afirmou convicto que, tais políticos, deviam ser incriminados judicialmente;  eu por minha conta e risco acrescentarei: sejam eles de que partido forem.
            Porém em Portugal tal nunca acontece nem acontecerá, pois nunca vi nenhum político mexer no seu próprio umbigo, daí que as culpas morrem sempre solteiras (como se diz também em gíria popular)… Assim caminhamos alegremente para a ruína, apesar dos manifestos de última hora dos salvadores denominados “Pais da Pátria”, os quais até aqui estiveram comodamente calados, a usufruir das bonomias vitalícias que escandalosamente lhes são atribuídas; ainda e mais uma vez acrescentarei: Para que servem as fundações que por aí proliferem e quanto custam ao país? Por alguma razão o novo governo Italiano excluiu da governação os políticos, substituindo-os por tecnocratas; por regra os políticos embora digam o contrario, olhem mais para os interesses do partido que para o País real.
            Também quero dedicar uma palavra aos militares e, assim, apenas direi: Os militares essencialmente servem para defender o território nacional e nunca para derrubar governos eleitos por sufrágio directo… Assim se faz em qualquer nação civilizada onde impera uma democracia eleita legalmente pelo chamado povo. Será que também esses “Pais da Pátria” querem cumprir agora, a sigla de meter os reaccionários no Campo Pequeno? A memória não é curta para relembrar que em tempo já distante, o mesmo militar fez tal ameaça… por tal facto estou convicto que no meu país nunca serão 800 militares que farão calar o voto nas urnas e faça prevalecer um golpe militar que apenas resultará numa nova ditadura.
            Com uma oposição afectada pelo vírus da demagogia, e que repetidamente quer dividir o país entre esquerda/direita esquecendo que todos somos portugueses e estamos no mesmo barco… As greves embora sejam um direito alienável dos trabalhadores, nunca neste momento serão solução para os graves problemas que nos afectam, e pelo contrário apenas os fará agravar.
            É evidente que as centrais sindicais cumprem o seu dever em defesa dos seus filiados, contudo falam muito em direitos mas raramente em deveres. Onde está a democracia daqueles que colocam piquetes para evitar que colegas seus possam trabalhar?
            A economia não se compadece com aqueles que gastam mais que aquilo que recebem. Ninguém empresta dinheiro a quem não pode ou não quer pagar… arrumar a casa (leia Portugal) é urgente e necessário; depois sim encetar vida nova onde não serão admissíveis os mesmos erros que nos conduziram a esta catástrofe.

                                                                                        António Fernandes Ferreira

Carta aberta ao Presidente da República

Meu Presidente, com todo o respeito, não acha o Presidente que políticas estritamente orçamentais que não prevêem crescimento económico são um fim em si mesmas e que contrariamente ao que se diz e escreve, resultarão numa total depressão económica, financeira e social? Do que vale termos as contas controladas daqui a um ano se daqui a um ano, por força do atrofio que esta política trará à nossa economia, a austeridade será maior para resolver o problema que vamos criar com esta "solução"? Isto não terá fim! Acredito porém na palavra e na seriedade! Temos que pagar aquilo que nos emprestaram, sem mais! Mas eu pergunto, não deveria servir isso para resolvermos um problema? Eis o que nos dizem: Para conseguirmos normalizar os juros da nossa divida temos que recuperar a nossa credibilidade. Esta recuperação passa por cumprirmos escrupulosamente o acordo com a Troika. Entretanto, e mais uma vez, a nossa República é "deitada ao lixo" por "alguém" que nada mais quer do que fragilizar o Euro como forma de valorizar o Dólar... O que queremos afinal? Em primeiro lugar, a Europa é o quê? É um desejo comum de todos os cidadãos europeus? Então meus caros, "quando há amor, há casamento"! Avancemos para a Federalização dos estados europeus e façamos do BCE o nosso escudo protector! A Europa precisa de um plano de crescimento económico integrado! Portugal será o país do bom clima, dos congressos, do serviço de excelência, das novas tecnologias, da segurança, das boas praticas ecológicas, do civismo... do golf e das férias, da boa formação, da saúde... Portugal será o exemplo do destino perfeito! Se não conseguimos exportar produtos e aqueles que exportamos são, em grande parte, dependentes de importação de matérias-primas (Petrogal) então importaremos capital! Turistas, congressistas, estudantes, artistas, políticos, executivos, curiosos, reformados, recém-casados TODOS! Façam uma sondagem às empresas que estariam dispostas a integrar este plano e que estariam dispostas a investir por exemplo num novo aeroporto e numa campanha de comunicação, realmente integrada que funcione em todos os sectores de actividade e que una as empresas para um objectivo comum, TORNAR PORTUGAL NO DESTINO PERFEITO! Certamente teríamos um novo aeroporto (que tanto precisamos) totalmente financiado por privados e que representa certamente um investimento com sucesso garantido! O melhor que Portugal tem é exactamente o que muitos quiseram esquecer! Pagaremos a nossa divida com orgulho mas queremos estar certos de que isso servirá para resolver o nosso problema! A sociedade precisa renascer! Assim não vamos lá! Nós somos os "heróis do mar" o "nobre povo", somos inteligentes e criativos! Vamos trabalhar, vamos sonhar, vamos acordar deste sono... Senhor Presidente, precisamos da sua ajuda!
Diogo Lima