terça-feira, 11 de setembro de 2012

PPP: as soluções para as parcerias falidas

Ernst & Young aponta três caminhos: privatizar, nacionalizar auto-estradas ou diminuir drasticamente pagamentos do Estado

 

Reportagem: www.agenciafinanceira.iol.pt/ppp-autoestradas-ernst--young--governo-ultimas-noticias 

Por Redacção  Carlos Enes, TVI

Tribunal de Contas enganado para aprovar autoestradas


Denúncia feita em relatório de juízes, que apontam dedo a Estradas de Portugal e anterior Governo

Veja o vídeo: 

Não é um, nem um colectivo de três, como na maioria dos casos. São todos os nove juízes da secção de auditoria a denunciar por unanimidade que o Tribunal de Contas foi enganado e só por isso autorizou a construção de seis parcerias público-privadas, lançadas pelo anterior Governo.

O relatório, aprovado no passado dia 10, põe em causa a legalidade da Autoestrada Transmontana, da Soares da Costa e da FCC, bem como das concessões Douro Interior, do consórcio Aenor/Mota-Engil, do Baixo Alentejo e Algarve Litoral, da Edifer/Dragados, Litoral Oeste, do consórcio MSF/Brisa/Somague, e Baixo Tejo, da Brisa, no valor global de 10 mil milhões de euros.

Nenhuma destas obras podia ter arrancado sem visto do Tribunal de Contas, que foi recusado à primeira tentativa em cinco concessões, com um argumento simples. Entre o concurso e os contratos finais o Estado assumia um prejuízo ilegal de 705 milhões de euros.

A Estradas de Portugal, contudo, endereçou um segundo pedido de visto. Mas, garantem os nove juízes, só teve sucesso porque escondeu ao Tribunal de Contas informação financeira essencial, relativa a contratos paralelos celebrados entre os bancos financiadores, as construtoras privadas e a própria empresa pública, denominados acordos contingentes, que não foram submetidos a visto do Tribunal de Contas.

O relatório de auditoria, a que a TVI teve acesso, é demolidor: «Nesta auditoria, foi detectada a existência de acordos consagrando um conjunto de compensações financeiras devidas às concessionárias sem reservas ou condições».

Os juízes denunciam que o Estado assumiu obrigações financeiras sem as deixar explícitas nos contratos. «Estes acordos não foram referenciados nesses contratos nem sequer indicados como seus anexos». E sem as comunicar ao tribunal nos pedidos de visto. «Também não foram juntos aos processos do segundo pedido de fiscalização prévia do Tribunal de Contas»

Ora, essas compensações são ilegais e, caso tivessem sido conhecidas pelos juízes, teriam conduzido ao chumbo dos projectos, como recentemente aconteceu com o TGV.

«Este tribunal alerta para a falta de fundamentação legal destas compensações contingentes. Caso os respectivos pagamentos venham a ocorrer, podem constituir infracções financeiras puníveis». Esta grave denúncia do Tribunal de Contas estava pronta num relatório que esteve para ser aprovado ainda antes das eleições legislativas, como a TVI noticiou há um ano.


O novo documento, que agora revelamos, é ainda mais demolidor para o anterior Governo e para a então administração da Estradas de Portugal. «Assinala-se a significativa falta de transparência do processo».



Por: Redacção  (Fonte: www.tvi24.iol.pt) /Carlos Enes 
 

Nacionalização



«A economia nacional atravessa um período difícil, a população está a perder direitos adquiridos, então, porquê os sacrifícios não estão a ser divididos com justiça? Não será o momento oportuno para o governo repensar as parcerias público-privadas e corrigir os erros do passado?
            Numa democracia é imprescindível que haja sempre espaço para o diálogo, mas é preciso saber que as medidas do governo devem prezar sempre pelo interesse da população. Portanto, os grandes grupos devem ter a consciência da realidade do país e aceitar determinadas medidas, mesmo que isso seja traduzido em menos receitas, assim como muitos trabalhadores tiveram que “aceitar” menos subsídio e despesas agravadas. Todavia, se o diálogo não for o suficiente, talvez seja mesmo o caso do governo começar a pensar em nacionalizar o que é de toda a nação, até porque, muitas dessas infra-estruturas já estão pagas, embora continuem a buscar muito dinheiro aos bolsos dos contribuintes.»    

Excerto do artigo de Renato Córdoba, publicado no Jornal O Clarim (Macau) em 03/03/1012