Apesar
de ser a terceira maior cidade do país e ter tantas peculiaridades, Braga
afirma-se discretamente diante dos olhos do mundo. Em 2012 foi a Capital
Europeia da Juventude e apesar de todos os esforços, não deixou um “eco” capaz
de atrair investidores, investigadores, nem mesmo turistas de permanência
prolongada.
Mas,
se por um lado a inércia e falta de criatividade mantém cruzados os braços de
quem possui as ferramentas para promover a cidade, uma força cresce dia após
dia para contrariar este cenário, cuja origem provém de cidadãos comuns, de
todas as idades e com os mais diversos talentos, unidos pela preservação do
património cultural e o resgate de uma história que não pode ser esquecida;
valores que incidem diretamente sobre qualquer cidade europeia. Os encontros
tornam-se cada vez mais frequentes e o número de participantes é cada vez
maior. Os debates não se restringem às redes sociais, dão-se nas ruas, praças,
diante de monumentos centenários que eram desconhecidos para a maioria dos cidadãos,
e por isso também, alguns deles em total estado de degradação; todos demonstram
uma imensa vontade de aprender e partilhar. O voluntariado de jovens
estudantes, professores, profissionais das mais diversas áreas e também homens
e mulheres com muitos anos de experiência e uma revigorante força de vontade
tem formado um movimento salutar do mais puro exercício de cidadania.
Diante
deste facto cujo mérito é devido, não podemos negligenciar as pequenas críticas
que, porventura, possam contribuir para que o esforço de todos os cidadãos
envolvidos não seja em vão. Uma delas, chama-nos à atenção ao facto de que
todos devemos ter consciência de que a política faz parte da sociedade, mas não
deve dividir os cidadãos quando o objetivo é comum. Portanto, apesar das boas
intenções de todos os envolvidos, é possível constatar que o movimento em prol
da cultura e da divulgação da cidade só não é maior por causa de diferenças dos
mais diversos foros ideológicos e influências políticas; obviamente, existem
exceções. Outro facto pertinente, não muito diferente do primeiro, pois também
pode potenciar distinções, trata-se do discurso nesses encontros que, muitas
vezes, é compreensivelmente alimentado pelo orgulho de quem valoriza as suas
origens, incorrendo ao erro de pronunciar-se de forma circunscrita, porque
afinal, Braga não deve ser revelada e valorizada apenas para quem nela nasceu,
mas para todos que nela habitam e para todos que estão de passagem e possam
contribuir para que venha a ser uma cidade melhor e conhecida em todo o mundo.
Nestes termos, é preciso perceber que o “bairrismo” talvez não seja o termo
mais adequado para a divulgação de um património que merece ser elevado a um
nível de divulgação de uma cidade bimilenar, carente de expor as suas
características únicas e preciosas para o mundo e reter os benefícios que daí
venham.
No
passado dia 16, a Braga+ em
conjunto com a associação JovemCoop,
promoveram o Percurso Barroco para dar a conhecer a mais de uma centena de
pessoas, várias obras de André Soares, um grande artista/arquiteto bracarense
que viveu no séc. XVIII. E, como muito bem lembrou o Mestre Rui Ferreira, que
nobremente guiou e explicou as obras, o artista permaneceu no anonimato até que
o investigador norte-americano Robert Smith divulgasse o artista; prova
inequívoca de que eventualmente os contributos vêm de fora.
Que
Braga possa ser uma cidade para todos e onde todos se sintam bracarenses, mesmo
que nela permaneçam apenas por um dia. Parabéns às pessoas que reconhecem o
valor desta cidade e se esforçam para projetar ao mundo a sua importância!
Renato
Córdoba
Sem comentários:
Enviar um comentário