sexta-feira, 27 de maio de 2011

Torre de Babel

Texto de Renato Córdoba
Quisera eu poder traduzir em palavras o som do silêncio doloroso que brota nos olhares que já não encontram esperança em verdadeiras soluções e perdem-se novamente em anseios de que um milagre venha a acontecer. O vento frio não encontra fronteira na pele que reveste os corpos pálidos dos transeuntes moribundos de espírito, que sofrem com as gélidas previsões que lhes trespassam o coração contraído de dor e desânimo, deixando para trás seus corpos estigmatizados a sangrar sobre os sonhos e desejos de um ser humano mais humano do que hoje o sentem que são. Muitos caminham como vultos numa multidão anónima; silhuetas de uma sociedade moderna, desejosos de serem notados mais uma vez; de serem ouvidos. Todos querem ser amados, mas já não sabem como viver no amor; o amor estrutural, que perdura, que cria, que faz o que é sensato, que educa, que motiva… Que revela a felicidade. O que é feito da honra entre os homens – da amizade sem o termo de favores – da elegância no comportamento – do civismo – da criatividade em função do beneficio comum? 
 De tempos em tempos a “Torre de Babel” desmorona novamente sobre todos os homens e mulheres que lutam por um mundo mais seguro e igualitário. A maldição que confunde a humanidade e a divide perdura e portanto, é imperativo que não continuemos a cometer os mesmos erros, pois o segredo não está fundamentalmente na edificação estrutural da sociedade, que se realiza com organização e trabalho, mas está antes de qualquer acção, definida na comunicação que depende do esforço de todos para que possamos compreender uns aos outros e abdicarmos dos paradigmas e preconceitos que evidenciam e geralmente distorcem as nossas diferenças.

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