sexta-feira, 15 de julho de 2011

Deserto da felicidade

Tenho saudades tuas... Do teu silêncio... Quando partilhávamos longos silêncios de cumplicidade! Tenho saudades do deserto e daquela terra e areia amarela onde me senti em casa, no meu meio, no meu ambiente! Era ali que eu pertencia... Àquele silêncio apenas quebrado pelo esvoaçar de uma águia solitária. Ali... A milhares de quilómetros de casa eu senti-me parte do cenário, do ambiente... De tudo o que por ali existia... A areia... O castelo... As águias, os camelos... E o silêncio. Nesse deserto de Palmiras (Síria) eu senti a felicidade que quase me sufocava, pois tudo aquilo parecia um déjà vúe... Onde até os cheiros me pareciam familiares... O tempo parecia ter parado e nada mais existia senão a suprema calma da felicidade! E ao longe, em pleno deserto existia um enorme lago azul, que mais parecia uma miragem, mas que não o era... Era mesmo um lago, azul cristalino... E como foi bom sentir a felicidade tão forte, tão intensa, que lágrimas correram cara abaixo... Aí então descobri... Descobri-me, que já podia morrer porque conheci a felicidade suprema do ser! Tal como o deserto se foi apoderando de mim, assim foi a felicidade que senti, fugidia, é certo, mas tão intensa que passados anos ainda consigo visionar todos os locais, todas as águias e camelos, e sentir todos cheiros e sabores do meu lugar de eleição! Talvez nunca mais lá volte, mas o sentimento e a saudade permanecem! Tal como um amor que nunca se concretizou... Ah! Saudade! Ah deserto! Foi tanto e tão pouco para ser feliz!!!
Maria Teixeira Gomes

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