Eu poderia
utilizar este meio para transmitir uma mensagem de esperança para os
desempregados, estudantes e trabalhadores portugueses. Mas não é esse o meu
objetivo, porque o momento atual exige mais do que bons pensamentos. É
necessário ação. Certamente, os leitores poderão encontrar facilmente mensagens
mais otimistas espalhadas na imprensa – e ainda bem que assim é –, mas prefiro
escrever sobre a real situação em que o país se encontra. Entretanto, não vou
estar a prognosticar amplamente, de forma a não corrermos o risco de nos
desprendermos da realidade. Os factos são visíveis e muitos já foram anunciados
para o próximo ano – que se inica daqui há algumas horas –, descortinando os
novos sacríficos que teremos que enfrentar: aumento dos preços de vários produtos
e serviços, tais como a luz, o gás, os
transportes, portagens, telefones móveis, rendas, taxas moderadoras, impostos,
etc., (alguns desses aumentos, acima da inflação); teremos mais
desemprego, menos crédito financeiro para as empresas, greves, saída de capital
do país através de grandes grupos económicos, famílias com menos poder de
compra, e por aí adiante… Até aqui, nada do que a maior parte da população não
tenha já conhecimento.
Porém, se você, prezado leitor, foi
capaz de chegar até este ponto, provavelmente já deve estar pensando em
desistir desta leitura. E concordo consigo por duas razões: primeiro, porque já
deve estar cansado de tanto negativismo na imprensa; e segundo, porque
provavelmente está a pensar nos preparativos da sua passagem de ano. Por isso,
e como forma de me redimir, vou partilhar consigo a única filosofia que conheço
para ultrapassar um grande desafio: encará-lo de frente, convencido que
alcançará a vitória! Não é uma fórmula perfeita, mas poderá mantê-lo firme no
caminho durante mais tempo, e com um pouco de sorte, caso venha a esmorecer, o
pior já terá sido ultrapassado.
Pense nas possibilidades. As
dificuldades são um excelente combustível para a criatividade. Pense comigo: Se
as pessoas já conhecem os factos e preveem tempos ainda mais austeros, o fator
surpresa (no sentido negativo) está minimizado, o que é bom! Portanto, sejamos
realistas, cruzar os braços é o pior que se poderia fazer nesta altura, a não
ser que a sua estabilidade profissional e financeira esteja garantida (se é que
isso existe!). Faça uma análise dos fatos, pesquise, encontre novos caminhos.
Invista de forma sensata, com os pés bem assentes no chão. Coloque em prática
pequenas ideias. Dê o primeiro passo para expandir.
Se preferir, mude totalmente de
direção. Às vezes as pessoas temem a mudança porque creem que têm muito a
perder e cruzam os braços, apesar de saberem que o risco pode tornar-se
equivalente se continuarem estacionadas. É legítimo ficar indignado, sim, lute
pelos seus direitos, mas não o faça prejudicando outras pessoas. Certamente que
o esforço ainda não é equitativo; muitas medidas não são justas – mas quando é
que o mundo foi justo?
Exija mudanças e responsabilidade
governativa, mas não se iluda: ninguém o levará ao colo até ao seu lugar de
sonho. As pegadas na areia devem ser suas, porque este é o mundo real! E quando,
em algum momento, tiver a oportunidade de ajudar alguém, faça-o, e vai
constatar que essa posição é muito gratificante, e descobrirá que tem mais
força do que podia imaginar.
Tic-tac, tic-tac… O relógio está a
contar... Feliz 2013! Saúde para seguirmos em frente.
Renato Baetz Córdoba
cronicas.up@gmail.com